segunda-feira, 11 de junho de 2012

LICENÇA PARA RICKY MARTIN


(Sobre o livro “Eu”- Ricky Martin)

Foto da Capa do Livro Eu

"Deus, ajudai-me a dizer a verdade para o forte e a esquivar-me de contar mentiras para ganhar o aplauso do fraco. Se me derdes fortuna, não me tireis a razão. Se me derdes sucesso, não me tireis a humildade. Se me derdes humildade, não me tireis a dignidade. Deus, ajudai-me a ver o outro lado da moeda. Não me deixeis acusar outros de traição só porque não pensam como eu. Deus, ensinai-me amar as pessoas como amo a mim mesmo e a julgar a mim mesmo como julgo os outros. Por Favor, não me deixeis ser orgulhoso se for bem-sucedido, ou cair em desespero se fracassar. Recordai-me de que o fracasso é a experiência que precede o triunfo. Ensinai-me que perdoar é o mais importante no forte e que vingança é o sinal mais primitivo do fraco. Se me tirardes meu sucesso, deixai-me manter minha força para conseguir sucesso a partir do fracasso. Se eu falhar com as pessoas, dai-me coragem para me desculpar, e se as pessoas falharem comigo, dai-me coragem para perdoá-las. Deus, se eu me esquecer de vós, por favor, não vos esqueçais de mim". (Mahatma Gandhi)


Assim que li esse texto de Gandhi na introdução percebi que o livro iria me levar a conhecer um homem, no mínimo, interessante; e encontrei um homem interessante e muito espiritualizado e que me motivou a escrever sobre. Levei um tempinho, pois queria traduzir em palavras o quanto mexeu comigo e não estava muito simples traduzir os sentimentos que me tocou durante a leitura. Tive que ler uma segunda vez e pontuar algumas coisas e acho que ainda não consegui exprimir tudo.



Não me interessei em ler a autobiografia dele pelo fato de querer saber o que o levou a assumir publicamente sua sexualidade. Isso, sinceramente, a mim nunca interessou, e a minha leitura não deu ênfase a isso, ela acabou sendo, claro, parte do entendimento que tive, afinal, era uma inquietação presente nele, e que ele deixou transparecer no transcorrer do livro e até porque fazia parte do encontro de ele com a sua verdade.
Para mim não há nada mais maravilhoso do que a conexão que se estabelece com  a multidão durante uma apresentação ao vivo. Eu quero essa reação imediata. Não, eu preciso dela. Necessito do aplauso e da energia do público, eles são meu vício. (Pag, 79)
Cada leitor tem a sua compreensão, afinal, cada leitor tem suas experiências como indivíduos e como tal interpretamos dentro do que somos e como vemos o mundo.

A minha curiosidade inicial, é porque curto música, e esse mundo do entretenimento da música me deixa curiosa. Porque alguém consegue uma exposição, consegue alavancar sua carreira, consolidá-la e fazê-la ir além de sua terra natal e outros não? Queria tentar entender como se construiu um Ricky Martin? Sendo uma autobiografia, também imaginava que nem todos os detalhes do trabalho, das jogadas de marketing de uma gravadora seriam publicados...mas um detalhe aqui outro ali podia começar a dar uma ideia, mas não consegui muito, o livro realmente me levou para outra esfera.

Vamos a algumas considerações, não sou "FÃ" dele, mas assumo que algumas de suas músicas sempre me deixavam muito feliz, curtia...ou melhor, curto demais, gosto do suingue, gosto de sua presença no palco que é cheio de energia e vamos combinar ele é bonito como não querer ficar olhando pra ele né?! Espero que da próxima vez que ele vier ao Brasil consiga ir ao show dele, ano passado acabei perdendo.

Por ser uma autobiografia, tudo é muito bem pensado pra ser dito, afinal, havia, segundo ele, uma preocupação dele em se abrir, se colocar, mas preservar os outros envolvidos em sua história, como ele mesmo disse quem decidiu se expor foi ele e não os amigos, parentes, profissionais que trabalharam e trabalham com ele.

Na leitura que fiz, senti que ao escrever ele exorcizou tudo que ainda lhe fazia mal, como ele mesmo diz, se libertou para ser feliz. "a vida é mais bonita quando vivida de braços abertos, baixando a guarda, sem ansiedades ou segredos" (pag. 22)

Senti um homem incansável na busca do entendimento da vida, da sua verdade, da consciência do seu ser, de sua natureza mais intima, e do equilíbrio entre a razão e o coração, na busca da paz interior. Pra ele as chaves da vida são “serenidade, simplicidade e espiritualidade.”

Não pretendo contar o livro nesse blog, mas alguns fatos me fizeram refletir. A fase Menudo como ele reforça, ensinou a ele disciplina, que é necessária na vida. No entanto, ele perdeu a possibilidade do amadurecimento dessa fase que é a fase que questionamos ordens dos pais, que buscamos a liberdade e vamos tomando as rédeas de nossa vida, ele entrou em um mundo que ele só tinha que seguir ordens. Achei que, por sorte, depois do Menudo, não se manteve na "crista da onda", teve um tempo para ele, para aprender a dirigir sua vida e saber o que realmente queria. Afinal, um garoto que desde pequeno queria estar no palco, e depois de um período intenso nesse palco seguindo ordens, questiona se é isso que quer? Tinha que ter um tempo pra si. Nada a ver ou tudo a ver, lembrei do Michael Jackson, que pra mim, pareceu nunca ter conseguido amadurecer verdadeiramente é muito triste. Nesse “tempo” que ele se proporcionou experimentou outras artes: teatro, TV e cinema, e percebeu que todas essas artes o levaram de volta para música o palco e o que esse palco representa é seu vicio.

E nessa leitura outra coisa que percebi é que quando voce começa a escrever, a refletir, voce se depara com muitas contradições, isso parece ser uma constante, nessa leitura encontrei várias, principalmente referente à vida pública, da fama, do sucesso.  

Mas, como já disse anteriormente, esse homem viveu e vive em busca de ser um ser completo, feliz, realizando seu papel no mundo, deixando sua marca. Isso também me chamou a atenção. Cada um de nós temos nossa individualidade, somos indivíduos que vivem em sociedade, acredito como ele, que temos nosso papel nesse mundo, e temos que ir em busca de sermos seres humanos melhores pra fazer desse mundo, um mundo melhor. E nossas ações como indivíduo, creio, tenha que ser na busca de sermos individuo que transformem sua comunidade, sua cidade, seu país. O coletivo tem que ser prioridade para os indivíduos, infelizmente, os indivíduos, a maioria de nós priorizamos o individualismo, e não percebemos que se o todo não está bem, no caso, a sociedade em que vivemos, nunca conseguiremos ser plenos.

Somos indivíduos, mas como indivíduos somos muitos e ao mesmo tempo um só, temos muitos papeis. Interessante ele dizer, que ele é o Kiki para a família, amigos, e Ricky no palco, na frente das câmeras e que sempre tentou separar isso, mas chegou a conclusão que não é justo, e que o Kiki e o Ricky são um só. E, acho que é isso mesmo. Uma vez o William Bonner questionado de ele como ancora de um jornal e ele nas redes sociais, parece ser duas pessoas? E perguntaram quem é o verdadeiro, no que ele disse algo do tipo, voces não querem que eu trate, ou seja, por exemplo, com um delegado de polícia, como sou com a minha esposa. E é isso, todos nós somos muitos, mas temos uma essência.

E foi nos momentos dele comentando sobre suas atividades filantrópicas que me fez mais refletir, desde criança sempre tive uma vida muito ativa, participativa na comunidade e depois mais tarde culminou com participação político partidária, mas com o desenrolar de nossa história política me desencantei um pouco, sendo sincera, muito. E fui me afastando de tudo, desacreditando de tudo. E sempre ouvia de pessoas próximas que não devia desistir de tudo que deveria fazer a minha parte e se não podemos fazer tudo, “arrumar” tudo, podemos fazer algo. O mais engraçado disso, é que ouvi esse tipo de coisa várias vezes, mas como ele mesmo diz em seu livro, acho que em todas às vezes “não era o momento”, o momento foi ler no livro exatamente o que já me diziam, não podemos fazer tudo, mas fazemos o que pudermos, isso é verdade, já era verdade, mas precisou a verdade ser dita algumas vezes mais e ser o momento de eu ouvir e foi nessa leitura, posso dizer que isso mexeu muito comigo.
Pai de Valentino e Matteo (não me perguntem não sei quem é quem)

Outra coisa a se pensar e praticar, fazemos discursos de que as pessoas tem que nos aceitar como somos, mas temos dificuldade em aceitar o outro como ele é. Gastamos tempo em observar as diferenças nos outros ao invés de ver o quanto o outro é semelhante a nós. 

Essa autobiografia me pegou de jeito é uma história de vida com muitos questionamentos como é a nossa vida, com conclusões de coisas que muitas vezes sabemos, mas que precisamos ser lembrados sempre.

As palavras finais dele é “inspirar outras pessoas a enfrentar seus medos e a seguir em frente com suas vidas também. E esse é o maior presente de todos”. Posso dizer que ele me inspirou a refletir sobre minha vida também.

Parece que atualmente ele está em Cartaz com o espetáculo Evita na Broadway, se alguém quiser me presentear...(rs rs). Só me avisa com antecedência porque preciso providenciar passaporte


e (rs rs)

Bjs



4 comentários:

Unknown disse...

To adorando ler esse livro e confesso que me interessei depois que vi na casa da Neli esse texto inicial. Tive que me presentear com esse livro e to morrendo de dó de chegar ao final..

pedromarianoavoz disse...

É Rosi, o livro pode não ser "A" biografia, com certeza tem outras biografias bem mais interessantes, com histórias de tirar o chapéu, mas a dele é uma coisa do íntimo mesmo, de tentar se entender, achei muito legal.

bjs
Neli

ThiAGO disse...

Comprei o livro despretensiosamente. Mas, como você, tirei várias frases com um sentido muito forte. Ele nos mostra sua vida. Mostra a fma, seus pontos positivos e negativos... o sofrimento, e a questão do preconceito, como enfrentar as dificuldades que o coração impês. Muito bom!

pedromarianoavoz disse...

Thiago falando particularmente do conflito pessoal por qual ele passou, é triste ler que ele mesmo não se amava, não se aceitava...é muito loco!

bjs
Neli